Nos últimos meses, Raí se
dispôs a colocar a sua vida em ordem, da infância ao aniversário de 50 anos,
comemorado no dia 15 de maio. O resultado está no livro “Raí Auto-Fotobio” que
o craque lança quarta-feira na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Para
falar sobre essa nova empreitada. Raí
concedeu uma entrevista na semana passada, no quintal do seu escritório na Vila
Madalena. O ex-atleta falou sobre muitos assuntos, dentre eles sobre a falta do
irmão Sócrates e bateu forte na classe política brasileira, nos dirigentes e
cobrou transparência no comando da CBF.
Rep.: Como tem sido lidar com a
ausência do Sócrates, morto em 2011? Ele faz muita falta?
Raí: Lamento a ausência no
ambiente familiar, mas também a falta dele num contexto mais amplo. Sócrates sempre
foi uma pessoa que influenciou muito os outros. Ao mesmo tempo que a saudade é
forte, por outro lado os valores e ideias dele ganham força. É atemporal, está
muito presente e são inspiradores para muita coisa que está acontecendo hoje,
como o Bom Senso. A figura dele como mito está ganhando cada vez mais força e
nos conforta saber que a sua coragem vai beneficiar muita gente, por muito
tempo.
Rep.:Como você vê a situação da CBF com a prisão do José Maria Marin? Defende
a renúncia do Marco Polo Del Nero?
Raí: Diante dos últimos fatos há razões
suficientes para fazer uma auditoria na CBF e nas federações. Para mim,
transparência e democratização são vitais. Não basta o Marco Polo renunciar, o
processo para definir seu substituto precisa ser mais democrático. O sistema
não pode ser
viciado com cartas já marcadas pelo poder. É preciso transparência total nos
números e nos contratos para sabermos exatamente o que está sendo feito. A
partir daí é que a gente vai começar a ter as mudanças que poderão dar algum
resultado. A Seleção Brasileira corre risco de ficar de fora da Copa de 2018?
Estamos repensando a formação dos atletas e questionando os homens do poder da
CBF e das federações. Eu acredito que teremos muitas mudanças pela frente, com
novas estratégias e uma política de fortalecimento dos clubes. Isso vai ajudar
o Campeonato Brasileiro e a Seleção. Falando especificamente sobre as
Eliminatórias, acho que o Brasil vai se classificar, mas hoje existe um risco
maior de ficar de fora da Copa do Mundo do que nos anos anteriores.
Por JP Quintela