Uma
investigação da Polícia Federal apontou um superfaturamento de R$ 42,8 milhões
na construção da Arena Pernambuco. Provavelmente, o dado está entre o valor
original da construção, de R$ 479 milhões, e o custo final da obra, estipulado
pela empresa responsável, a Odebrecht, na casa de R$ 743 milhões. Além do valor
da “obra”, há um adendo milionário: o gasto com o projeto executivo (R$ 9,35
mi) e o custo pré-operacional (R$ 44,26 mi) totaliza mais R$ 53,61 milhões.
Dinheiro demais, interesse demais e agora na malha fina da PF. Em nota oficial,
em 14 de agosto de 2015, o que corresponde a 814 dias após a inauguração
oficial do estádio, a PF tratou a construção como resultado de uma “organização
criminosa”. Um dos principais pontos da apuração é o fato de a Odebrecht,
vencedora da concorrência, ter elaborado o projeto básico do edital de
licitação, de 78 páginas e lançado em fevereiro de 2010, com o aval do comitê
gestor de parcerias público-privadas no estado – não por acaso, também alvo da
operação. A relação apontaria uma nítida vantagem à empreiteira. Ou,
literalmente, fraude, na visão da polícia. O curioso é que na época da entrega
dos envelopes na licitação, dois meses depois, já se sabia da colaboração,
tratada pelos envolvidos como natural. Menor ainda foi a surpresa com a vitória
da Odebrecht.
Observação: na época, o secretário de planejamento do estado era
Geraldo Júlio (atual prefeito da capital), enquanto o secretário de
administração era Paulo Câmara (atual governador), e ambos integravam o comitê
gestor das PPPs.